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Rio de Janeiro, 2ª economia do Brasil, tem 6ª maior taxa de desemprego 4m273g
Por LEONARDO VIECELI / Folhapress
11 de junho de 2025, às 09h24
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RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O Rio de Janeiro tem a sexta maior taxa de desemprego entre os estados brasileiros, mesmo sendo a segunda principal economia do país. É o que apontam os dados mais recentes do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A taxa de desocupação fluminense foi de 9,3% no primeiro trimestre de 2025 a mesma de Sergipe. Só cinco estados do Nordeste e do Norte mostraram números superiores: Pernambuco (11,6%), Bahia (10,9%), Piauí (10,2%), Amazonas (10,1%) e Rio Grande do Norte (9,8%).
No Brasil, o desemprego foi de 7% nos três meses iniciais de 2025, mínima da série histórica para o intervalo de janeiro a março. Santa Catarina mostrou a menor taxa das unidades da federação: 3%.
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DESEMPREGO NAS UFS
Em %, no 1º trimestre de 2025
11,60 – PE
10,9 – BA
10,20 – PI
10,10 – AM
9,8 – RN
9,3 – RJ
9,3 – SE
9,1 – DF
8,9 – AL
8,70 – PB
8,70 – AP
8,70 – PA
8,20 – AC
8,1 – MA
8 – CE
7,60 – RR
6,4 – TO
6,2 – SP
5,7 – MG
5,30 – GO
5,30 – RS
4 – MS
4 – PR
4 – ES
3,5 – MT
3,1 – RO
3 – SC
Fonte: IBGE
A exemplo de outros locais, o Rio experimentou uma queda na desocupação depois da pandemia, mas o indicador segue acima de patamares verificados há mais de uma década.
Na mínima da série, o estado chegou a registrar desemprego de 5,8% no quarto trimestre de 2014.
À época, o Rio vivia o período pós-Copa do Mundo no Brasil e se preparava para receber as Olimpíadas de 2016 em sua capital. A taxa de desemprego fluminense era a oitava menor do país no final de 2014.
Os dados do IBGE integram a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua). A série começou no primeiro trimestre de 2012, quando a desocupação era de 8,6% no Rio. Esse índice era o 11º maior do país.
O pico da série histórica do estado (19,6%) ocorreu durante a pandemia, no quarto trimestre de 2020 e no primeiro de 2021.
“Provavelmente, vai levar muito tempo até que a taxa de desemprego fique mais próxima do que tínhamos lá em 2014. O mercado de trabalho estava aquecido naquela época, com obras de Copa e Olimpíadas. Foi um período extremamente atípico”, afirma Jonathas Goulart, gerente de estudos econômicos da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro).
Na visão dele, o quadro atual ainda carrega parte das dificuldades acumuladas antes da pandemia.
Além de sofrer com a recessão que atingiu a economia brasileira de 2014 a 2016, o Rio amargou queda do preço internacional e redução de royalties do petróleo, corte de investimentos da Petrobras com a Lava Jato e baixa nos grandes eventos depois da Copa e das Olimpíadas, diz. O setor de óleo e gás e o turismo são vetores da economia fluminense.
“Se lá atrás o Brasil teve um cenário muito complexo, o Rio de Janeiro teve uma tempestade perfeita”, define o gerente da Firjan.
O economista Gilberto Braga, professor de MBA na área de finanças do Ibmec, destaca a recuperação recente, mas também avalia que o mercado de trabalho ainda sente os reflexos de turbulências anteriores.
“O estado está no regime de recuperação fiscal, governadores não terminaram seus mandatos, houve quebra de políticas sociais, além de um esvaziamento financeiro em favorecimento de São Paulo nos últimos 20 anos”, afirma.
Moradora de Nova Iguaçu, na região metropolitana do Rio, Karina Larissa Silva Macedo, 24, está à procura de trabalho em diferentes áreas.
Ela diz que nunca atuou com carteira assinada e afirma ter sido vítima de gordofobia em processos seletivos. Para pagar as contas de casa, a jovem recorreu a atividades informais em outros momentos.
“Estou atrás, correndo”, diz Karina, que relata ter concluído o ensino médio. “Tenho filho pequeno, ele é autista. Preciso de trabalho para cuidar dele, da saúde dele. É muito difícil.”
Além do desemprego, o Rio também possui uma taxa de informalidade mais elevada do que estados próximos. No primeiro trimestre de 2025, o percentual de trabalhadores sem carteira ou CNPJ foi de 37,2%.
Trata-se do segundo maior patamar das regiões Sudeste e Sul, atrás apenas do Espírito Santo (37,5%). A taxa do Brasil foi de 38%, com máxima no Maranhão (58,4%) e mínima em Santa Catarina (25,3%).
“O Rio é um estado movido a petróleo, e as reservas são finitas. Já a partir de 2030 deve ter uma queda da produção do pré-sal. Se a situação hoje não é tão confortável, também existem fatores de preocupação olhando para o futuro”, diz Marcelo Neri, diretor do centro de estudos FGV Social.
A demografia é outra área que impõe desafios para a economia fluminense, indica Neri. O Rio de Janeiro e o Rio Grande do Sul são os estados mais envelhecidos do Brasil.
Diante desse cenário, o especialista entende que o Rio precisa avançar no que ele chama de “políticas territoriais”. Ou seja, ações com foco em problemas comuns a cidades próximas geograficamente, como é o caso da região metropolitana.
Ele destaca a importância de avanços na educação para que haja reflexos positivos no mercado de trabalho.
“O Rio de Janeiro é um estado metropolitano, tem três quartos da população na Grande Rio. A metrópole tem uma série de problemas coletivos, como a questão das comunidades dominadas por milícias e tráfico”, afirma Neri.
Gilberto Braga, do Ibmec, vê oportunidades com a transição energética. “O Rio pode ter um papel de liderança”, diz.
RJ RESPONDE POR 11,4% DO PIB DO BRASIL
Em 2022, período mais recente com dados disponíveis, o Rio de Janeiro respondeu por 11,4% do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil, conforme o IBGE. Foi a segunda maior participação entre os estados, atrás apenas de São Paulo (31,1%).
Em nota, a Secretaria de Trabalho e Renda do governo fluminense disse que, nos últimos quatro anos, o estado ou por um processo de recuperação econômica “consistente”. A pasta destacou a geração de empregos formais e recordes na criação de empresas.
“A retomada do crescimento em áreas estratégicas como serviços, turismo, petróleo, gás e construção civil tem refletido positivamente nos indicadores de emprego, e a taxa de desemprego, apesar de ainda alta, está em queda constante, acompanhando o fortalecimento da economia”, afirmou.
Entre as ações implementadas, a secretaria citou atração de investimentos por meio de incentivos fiscais e parcerias público-privadas, programas de qualificação profissional e estímulos ao empreendedorismo.