A dor que nos une: porque viver nem sempre é leve 5m4m6e
Por Gisela Breno
27 de maio de 2025, às 17h13
Link da matéria: /colunas-e-blogs/a-dor-que-nos-une-porque-viver-nem-sempre-e-leve/
Falar das nossas dores dói.
Dói porque, por mais que tentemos disfarçar, viver, muitas vezes, é pesado.
É pesado acordar com um aperto no peito.
É pesado vestir um sorriso quando, por dentro, a alma só quer silêncio.
É pesado seguir em frente quando tudo parece desabar, quando as forças simplesmente não aparecem.
E, às vezes, só de existir, já é muito.
Vivemos tempos em que o sofrimento se esconde atrás de filtros, respostas automáticas e sorrisos ensaiados. Mas a verdade é que nem sempre damos conta. E isso não é sinal de fraqueza. É sinal de humanidade.
O que ninguém nos ensinou — ou pouco se fala — é que existe uma força imensa em reconhecer a própria dor.
Falar dela não nos enfraquece. Ao contrário, nos aproxima do que somos de verdade: seres imperfeitos, sensíveis, cheios de histórias, cicatrizes e recomeços.
Quando temos coragem de olhar para nossas próprias sombras, abrimos espaço para que outros também possam se sentir menos sozinhos nas deles.
Porque sim, existe algo profundamente curativo no encontro entre vulnerabilidades.
A dor que nos une também pode ser ponte, pode ser colo, pode ser abraço.
Ela nos lembra que ninguém precisa atravessar o peso da vida sozinho.
E, talvez, a coisa mais bonita disso tudo seja perceber que a nossa fragilidade pode, sim, ser força pra alguém.
Quando escolhemos ser reais, sem perfeições, sem máscaras, abrimos caminho para que a empatia floresça.
No fim das contas, é isso que nos sustenta: a capacidade de, mesmo machucados, sermos refúgio na vida uns dos outros.
Professora, Gisela Breno é graduada em Biologia na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e fez mestrado em Educação no Unisal (Centro Universitário Salesiano de São Paulo). A professora lecionou por pelo menos 30 anos.