PEC 6×1: fim da escala ou fim da rentabilidade das empresas? 6o4rq
Implementação exige um equilíbrio entre os benefícios sociais e os custos econômicos
Por Marcos Tonin
24 de novembro de 2024, às 09h01
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O modelo de semana de 4 dias de trabalho tem ganhado adeptos no Brasil, trazendo melhorias na produtividade e na qualidade de vida dos trabalhadores. O projeto piloto, iniciado em janeiro com 22 empresas brasileiras, faz parte da iniciativa 4 Day Week Brazil, em parceria com a 4 Day Week Global. A experiência, que começou na Nova Zelândia em 2019, trouxe resultados positivos após três meses de testes, mas no Brasil há desafios significativos a serem considerados.
Gosto de reforçar que o Brasil enfrenta obstáculos adicionais, como a alta carga tributária sobre a folha de pagamento. Para muitas empresas, especialmente pequenas e médias, o modelo de semana de 4 dias pode ser financeiramente inviável. Reduzir a carga horária exige contratar mais pessoas para cobrir o trabalho, o que gera custos elevados com encargos trabalhistas. Isso pode desestimular a adoção desse modelo.
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Além disso, a rotatividade de funcionários nas empresas brasileiras já é um problema, refletindo a dificuldade de reter talentos. Para empresas que já enfrentam custos com recrutamento e treinamento, a jornada de 4 dias pode intensificar esses gastos sem garantir a retenção de talentos.
Outro ponto importante é a possibilidade de redução de benefícios e salários para compensar os custos extras. Embora o modelo de 4 dias prometa manter os salários, algumas empresas podem tentar cortar benefícios, afetando a qualidade de vida dos trabalhadores. Em um cenário mais pessimista, as empresas podem reduzir salários, prejudicando o poder aquisitivo dos colaboradores.
A proposta de redução da jornada também se insere no debate sobre o aumento populacional e a criação de empregos. Em um Brasil com altas taxas de desemprego, reduzir as horas de trabalho sem criar mais vagas pode ser contraproducente. As empresas precisariam contratar mais pessoas, o que exigiria maior estabilidade econômica e políticas públicas para incentivar a criação de empregos.
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A jornada de 4 dias pode ser vista como uma forma de “desvalorização” do trabalho. Em um país como o Brasil, onde a cultura valoriza o esforço profissional, a ideia de trabalhar menos pode ser interpretada como uma tentativa de diminuir o valor do trabalho árduo. Isso pode gerar um estigma, principalmente entre as novas gerações.
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6×1, que visa acabar com a escala 6×1, propõe reduzir a jornada semanal de 44 para 36 horas, permitindo uma jornada de quatro dias. Se aprovada, pode reformular a estrutura de jornadas no Brasil, trazendo benefícios para os trabalhadores, mas também desafios para as empresas. A implementação exige um equilíbrio entre os benefícios sociais e os custos econômicos, além de políticas públicas que incentivem a criação de mais empregos.
Marcos Tonin, especialista na área de gestão e liderança, fala sobre mercado de trabalho em textos quinzenais