03 de junho de 2025

Notícias em Americana e região o2ye

g2d27

8 de Agosto de 2019 Grupo Liberal Atualizado 13:56
MENU

4m5y2m

Publicidade

Compartilhe

Torre de Babel, ainda podemos falar a mesma língua? 5f6q

Por Marcos Tonin

24 de março de 2025, às 10h13 • Última atualização em 12 de maio de 2025, às 09h11

A história da Torre de Babel, descrita no livro de Gênesis, narra um momento em que a humanidade falava um único idioma e, unida, decidiu construir uma torre que chegaria aos céus. No entanto, segundo a narrativa, Deus confundiu suas línguas, impedindo a comunicação entre os trabalhadores e levando ao colapso do projeto. O que era um grande empreendimento coletivo se transformou em um cenário de desordem e dispersão.

Se analisarmos o mercado de trabalho atual, há um paralelo intrigante. Vivemos um momento de transição acelerada, em que a tecnologia, a globalização e as novas exigências profissionais estão transformando a forma como trabalhamos. No entanto, em vez de uma linguagem única, encontramos um ambiente fragmentado: diferentes gerações com visões opostas, múltiplos modelos de trabalho coexistindo (remoto, híbrido, presencial), exigências que mudam rapidamente e, acima de tudo, uma comunicação cada vez mais desafiadora entre empresas e profissionais.

As empresas falam a língua da alta performance, da inovação e da necessidade de adaptação contínua. Profissionais, por outro lado, buscam equilíbrio, propósito e qualidade de vida. Os líderes tentam conciliar produtividade e bem-estar, enquanto os colaboradores enfrentam dilemas entre estabilidade e flexibilidade. Assim como na Torre de Babel, parece que todos estão juntos na construção de algo grandioso, mas ninguém se entende completamente.

Historicamente, os períodos de grandes transições no trabalho trouxeram rupturas profundas. A Revolução Industrial, no século XVIII, alterou a dinâmica da sociedade ao mecanizar processos e transformar artesãos em operários. No século XX, a ascensão do setor de serviços e da automação reformulou as demandas do mercado. Hoje, a revolução digital e a inteligência artificial criam uma nova torre, a do conhecimento e da inovação, a qual exige uma adaptação constante e um destino incerto.

Mas, afinal, podemos superar esse novo “caos de Babel”? A resposta pode estar na busca por um novo tipo de comunicação. Empresas precisam ouvir verdadeiramente seus talentos e entender que produtividade não se mede apenas em horas trabalhadas, mas em impacto gerado. Profissionais precisam desenvolver uma mentalidade de aprendizado contínuo e adaptação, aceitando que o mercado não voltará a ser previsível. Líderes devem atuar como tradutores, conciliando expectativas e construindo um ambiente onde propósito e resultado possam coexistir. Se há algo que a história nos ensina, é que, mesmo após a dispersão de Babel, a humanidade seguiu evoluindo, criando novas formas de comunicação e colaboração. No mercado de trabalho, não será diferente. O desafio agora não é apenas construir a nova torre do futuro, mas garantir que todos possam falar a mesma língua no caminho até lá.

Marcos Tonin
Executivo de RH e Coach C-Level
tonin.marcos@gmail.com

Marcos Tonin

Marcos Tonin, especialista na área de gestão e liderança, fala sobre mercado de trabalho em textos quinzenais