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Uma carta para a mamãe 255u62
Por Oswaldo Vicentin
27 de maio de 2025, às 17h48
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Todos os anos no mês de maio eu procuro escrever alguma coisa para você mãe. Esta carta vai pelo correio universal através das ondas e satélites que vagueiam pelo espaço sideral. Lembra mãe? Lá nos lados do Santo Antônio do Sapezeiro a grande lavoura de café da família Parazzi era vizinha da lavoura de café da família Vicentin. E foi ali que você começou o namoro com o pai. Lembra mãe?
Você tinha 16 anos e namorava escondida porque na família Parazzi só poderia ter compromisso de namoro quem fosse maior de idade. Nesse namoro você me gerou e então se casou na Capela do Santo Antônio do Sapezeiro. Lembra mãe? Fizeram festas com baile e sanfona. Que bonito! Depois eu fui crescendo e conhecendo a beleza dos campos, dos rios e dos bambuzais. Você trabalhava na roça e eu sempre levava almoço para você e o pai. Lembra mãe?
Certa vez você estava com a cabeça envolvida num lenço empoeirado. Seu rosto suado com aparência de cansaço. Mas nada escondia seus lindos olhos azuis, nem o sorriso meigo que você me dava. Lembra mãe?
E aquele dia lá na roça que você adormeceu apoiada sobre a relva de capim seco. Lembra mãe? Você ouviu um ruído. Era o guizo da cascavel. Mas, Deus te ajudou. Que susto mãe! Depois o sol já estava se escondendo no horizonte quando você foi embora. Exausta, tomava banho lá no tanque, jantava, e depois ensinava a gente a rezar o pai-nosso, sob a claridade da lamparina. Muitas vezes nas caladas da noite, a gente ouvia os trovões e ficava com medo dos relâmpagos na janela. Você levantava, acendia velas para iluminar o nosso quarto enquanto esperava a tempestade acalmar. Lembra mãe? No final do ano a gente bebia guaraná que o papai comprava no armazém do “Seu” Bataglia, lá perto da Igreja do Santo Antonio. Você fazia um bolo de fubá delicioso. Depois, você deixava a gente sair de madrugada, atravessar os campos e pastos coloridos para ir desejar “Feliz Ano Novo” às nossas tias. A gente ganhava uma moeda.
O destino quis que nós mudássemos para a cidade de Santa Bárbara, onde você aprendeu a ser tecelã. Sempre trabalhando com alegria, compartilhando seu sorriso com as colegas de trabalho. Lembra mãe?
Posteriormente, você colaborou com o asilo. Quantas vezes você pedia carona para poder levar alimentos e roupas aos doentes e desamparados. E mais emocionante era ver você conversar, dar conselhos e confortar os doentes Como mulher religiosa, todos os dias ao meio- dia, você elevava o som daquele “baita radião” só para todos ouvirem Ave Maria e as orações à Nossa Senhora Aparecida! Lembra mãe? As vezes eu estava apressado apesar de você querer conversar. Sei que você me perdoa. Sua imagem como sempre sorrindo está em nossa mente e em nosso coração.
Mãe, nós estamos com saudades! Entretanto, estamos felizes porque temos certeza de que você e o pai, e nossos entes queridos, estão num lugar lindo. Tão lindo como as estrelas e as constelações que contemplamos! Resolvi escrever esta carta neste mês como uma homenagem a você, às mamães aqui na terra e todas as que estão no céu! Beijos de teus filhos. Abraço mãe!
Que esta carta seja compartilhada com todos os filhos e suas respectivas mãezinhas que estão no céu. Apesar da dor da saudade sejam sempre sorridentes que é isso que elas mais querem no céu. Porque esse é o coração de mãe assim na terra como no céu. Q
Oswaldo Vicentin
Contador, jornalista e escritor
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